Cúmplice. Quero ser o teu cúmplice. Não é nem nunca foi segredo para ninguém, pelo menos para nenhum dos dois. Quanto aos outros não sei nem quero, quero ser egoísta e guardar tudo para ti.
Sei porque gostas que te chame o que te chamo. Sei porque gosto que gostes, só não sei é porque estou tanto tempo sem te ver, sem ouvir a tua voz, sem te cheirar...
Noutros tempos, noutro lugar, não daria importância a isto, talvez por saber que a indiferença reinava no meu coração: forma activa de defesa.
Cresci desde o verde do Minho até às margens do Atlântico Alentejano; deixei que algo mais crescesse até certo ponto e mantive-o em animação suspensa. Suspendo essa animação com pequenos golpes de sangue a bombear com comunicações tuas.
Penso em ti com frequência e gosto de saber que também pensas em mim.
No dia seguinte, um casal que teve uma noite especial, a primeira, nunca sabe como reagir. Acho que ninguém sabe. Todos sabemos o que fazer com uns copos em cima, e embriagados de paixão, encontramos o caminho. O dia seguinte, como em todas as embriaguezes, traz-nos de volta à realidade. Queremos beijar e não sabemos como.
Na face, na boca? A insegurança faz-nos duvidar e sentimo-nos mal, ignorando que a outra pessoa também sente algo parecido.
É aquele ponto no sentido de ritmo e espaço de cada um e há que encontrar o equilíbrio.
Há um ponto que todos vemos que equilibra a balança.
A balança tem um ponto por demais visível, para mim. Um beijo no canto da boca é o mais cúmplice e emocional que se pode ter. Olhos bem fechados e coração bem aberto.
É isso que me falta de ti. Não a cumplicidade, não o cheiro (memorizei-o), não os olhos, lábios, pele, cabelos, voz, gargalhada, sintonia, mas sim esse cantinho de boca que me vai dizer tudo.
Sei como te cumprimentar quando te vir.
E este é o nosso espaço, cúmplice.